500 Anos de Reforma Protestante

Artigo cadastrado dia 31/10/2017
Deputado Jefferson Campos homenageia os 500 Anos de Reforma Protestante, e aponta as benfeitorias sociais que a Reforma proporcionou a humanidade

Hoje é um dia marcante e de extrema importância para cristãos do mundo todo.

 

No dia 31 de outubro de 1517, num rompante de ousadia e coragem, o monge agostiniano Martinho Lutero afixou na porta da Igreja de Wittemberg, na Alemanha, 95 teses que criticavam a conduta da Igreja Católica, denunciando a deturpação do evangelho, a venda de indulgências, a corrupção, o enriquecimento ilícito e a falta do celibato clerical. Além das denúncias, chamavam o cristão ao arrependimento e à fé.

 

Este fato foi o início de um movimento que acarretou não só mudanças religiosas, mas significativas mudanças políticas e sociais para toda a Europa e, futuramente, para o novo mundo.

 

Para que se entenda um pouco do pano de fundo, ao final da Idade Média, a Igreja Católica havia se tornado uma potência financeira que, muitas vezes, era usada como um instrumento de fortalecimento do poder político. Considerando que os cargos eclesiásticos já não eram conquistados por vocação, mas sim pela aristocracia, estes eram uma clara moeda de troca política.

 

Não somente o povo era oprimido a pagar os indultos, a fim de receber o perdão pelos pecados, mas também seus governantes. Esta prática era comum e muitos padres as vendiam em troca de uma doação em dinheiro a Igreja.

 

O comércio era tão notório que um dito se tornou popular na época:

 

“Assim que a moeda no cofre cai, a alma do Purgatório sai

 

Naquele tempo, o Papa era Leão X, pertencente à poderosa família italiana Médici de Florença, que eram conhecidos mecenas das artes na Itália. Leão X transformou Roma num florescente centro cultural da Renascença, patrocinou a construção da Basílica de São Pedro e pressionou os Príncipes cristãos da época a se juntarem às Cruzadas. Esta ostentação toda fez com que as vendas de indulgências aumentassem muito.

 

Traçando um rápido e simples paralelo com os tempos de Cristo, o único relato em que Jesus realmente perdeu as estribeiras, foi ao tentar acabar com o comércio dentro da Igreja, quando expulsou os vendilhões do Templo. Ele fez um chicote, colocou todos para correr, derrubou suas mesas e espalhou o dinheiro pelo chão, num total sinal de desaprovação.

 

Alguns seguidores medievais do catolicismo sentiam este mesmo zelo pelo evangelho.

 

Por outro lado, a mesma Burguesia que havia abraçado as práticas católicas por desejar seu poder e tesouro, também se via tolhida pela Igreja quando visionava os altos lucros capitalistas, prática esta vista como “usura” pelo atual sistema.

 

A luta de Lutero era sincera, seu desejo era romper com uma religiosidade que há muito estava corrompida, mas não necessariamente romper com a igreja. No entanto, Roma já o via como um traidor. Quando questionado sobre suas posições, Lutero não recuou e suas teses fizeram com que ele fosse excomungado e expulso da Igreja pelo Papa Leão X, que teve o total apoio do imperador alemão Carlos V. Lutero foi abraçado e protegido pelo Príncipe Frederico, da Saxônia e, posteriormente, outros príncipes e nobres começaram a apoiar o culto luterano nos principados católicos com o interesse de libertar seus territórios do poder papal e de Carlos V.

 

Em 1531, eles se uniram e criaram a Liga de Smalkade, que lutou contra as tropas imperiais. O conflito foi resolvido apenas em 1555, quando se estabeleceu que cada príncipe poderia determinar a religião de sua região.

 

Este pequeno detalhe mudou a humanidade.

 

Assim como a Terra não é o centro do sistema solar, o Papa deixa de ser o centro do poder político europeu. Além de pagar menos impostos, os nobres também se beneficiaram do confisco das terras da Igreja. Os cristãos passam a aprender direto da Bíblia e a educação não obrigatoriamente é ministrada por um sacerdote. Na realidade, o pensamento se torna mais livre.

 

A Reforma se propagou por outros países. Na França e na Suíça foi liderada por João Calvino (1509-1564) e Ulrico Zuínglio (1484-1531). Na França e nos Países Baixos, os adeptos foram chamados de huguenotes. Na Inglaterra, de puritanos, e na Escócia, de presbiterianos.

 

Acho que o maior impacto relativo à Reforma, sem cunho religioso, foi a abertura para um novo sistema econômico – o capitalismo. Muito embora a Igreja fosse extremamente rica, a ética medieval católica condenava a acumulação de capitais, certamente um contrassenso.

 

O protestantismo, principalmente calvinista, libertou a burguesia das proibições eclesiásticas das práticas comerciais e bancárias. Já os camponeses viram na Reforma uma oportunidade para corrigir as injustiças do sistema feudal.

 

Este foi o start para a era do pensamento moderno.

 

Obviamente toda esta mudança não aconteceu sem derramamento de sangue e, em 1572, na França, cerca de 30 mil protestantes foram brutalmente assassinados por católicos, fato que ficou conhecido como "O Massacre da Noite de São Bartolomeu.

 

O fato é que um povo opresso sempre buscará por formas de se libertar. O espírito humano clama por justiça e, de uma forma ou de outra, ele vai encontrar maneiras de sair da escravidão, seja ela religiosa ou política. Por mais que forças corrompidas busquem subjugá-lo, sua alma resiliente o fará lutar.

 

E a história nos prova isto, desde os tempos bíblicos em que Moisés, através do poder de Deus venceu o faraó e libertou seu povo, até em tempos mais recentes com a união das nações que venceram a megalomania de Hitler, na Segunda Grande Guerra.

 

Enquanto a humanidade for imbuída do Espírito da Justiça, enquanto Ele ainda pairar sobre a Terra, sempre haverá uma maneira de vencermos a corrupção, a mentira e a injustiça!

 

 

* Artigo extraído de discurso apresentado na Câmara Federal.

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